Dra. Sílvia Joly Mattos
Gostaria de esclarecer o conceito de “método anticoncepcional hormonal”. Acho importante esse esclarecimento, já que muitas pacientes me questionam sobre esse assunto e acreditam que “não poder usar hormônios” sempre inclui a progesterona.
Recebo encaminhamento de vários médicos de outras especialidades para indicação de método anticoncepcional para pacientes que não podem fazer uso do hormônio estrogênio, lembrando que as pílulas anticoncepcionais combinadas possuem dois hormônios: estrogênio e progesterona. Exemplos de pacientes com contraindicação para uso de estrogênio: aquelas que já tiveram trombose, pacientes portadoras de enxaqueca com aura, fumantes com idade superior a 35 anos, entre outras. É importante salientar que essas pacientes citadas acima só possuem contraindicação ao uso do hormônio estrogênio, sendo ele por uso oral, transdérmico (adesivo), injetável ou pelo anel vaginal. A maioria não tem restrição ao uso da progesterona.
Dentre os métodos que liberam apenas o hormônio progesterona, existem algumas pílulas, injeções apenas de progesterona, DIU Hormonal e o Implante Subdérmico. Esses dois últimos têm sido muito procurados nos últimos anos por serem de longa duração, e são pertencentes à categoria dos “LARCS” (Contracepção Reversível de Longa Duração), que já citei em artigo anterior no meu Blog. Ambos liberam apenas o hormônio progesterona continuamente ao longo de alguns anos, e por isso a maioria das pacientes apresenta redução do fluxo menstrual, ou até amenorreia em alguns casos. Portanto, também são indicados em várias outras situações além de anticoncepção, como fluxo menstrual aumentado ou cólicas menstruais intensas, ambos sem outra causa diagnosticada ou tratável.
O DIU Hormonal é inserido dentro da cavidade uterina, como o DIU tradicional (não hormonal). A grande diferença é que ele libera o hormônio progesterona ao longo dos anos. O Implante Hormonal Subdérmico (popularmente conhecido como “chip”) é uma haste flexível que é inserida sob a pele do braço, após uma aplicação anestésica local, liberando também o mesmo tipo de hormônio durante alguns anos.
Para indicação desses dois métodos, também tenho recebido muitos encaminhamentos de pacientes submetidas à cirurgia bariátrica, por terem contraindicação relativa ao uso de pílulas via oral devido às alterações de absorção do trato gastrointestinal.
A dica, então, é que se a paciente tem restrições ao uso do hormônio estrogênio, ela pode optar por métodos sem nenhum hormônio (se preferir), mas também por aqueles que possuem apenas a progesterona, como, por exemplo, o DIU Hormonal e o Implante Subdérmico, dentre outros citados acima.
Dra. Sílvia Joly Mattos, de Campinas/SP, é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Reprodução Humana e Vídeo-Histeroscopia.