Idade e fertilidade

Dra. Sílvia Joly Mattos –

Atualmente, os casamentos tardios elevam muito a chance de o casal não ter um filho, segundo pesquisa do Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine. Isso, juntamente com o perfil da mulher moderna, nos apresenta uma nova realidade: gravidez tardia ou até a escolha de muitas mulheres por não engravidar. Portanto, várias situações diferentes podem interferir na postergação da maternidade: formação acadêmica e profissional, estabilidade econômica e a própria estabilidade no relacionamento.

No entanto, deixar para ter filhos mais tarde sem optar previamente por alternativas que preservem a fertilidade feminina como a criopreservação de gametas, faz com que seja mais difícil engravidar, pela queda da fertilidade que se acentua após os 35 anos, conforme gráfico acima. A maioria das pessoas não têm esse conhecimento, mas essa queda acorre desde a vida intrauterina, e se acentua no decorrer da vida da mulher.

A fertilidade diminui com o passar dos anos não só pela quantidade, mas também pela qualidade, trazendo maiores riscos de aborto ou mesmo doenças genéticas ao bebê. Isso sem levar em conta o maior risco de doenças como pré-eclâmpsia e diabetes para a mãe, especialmente após os 40 anos.

Para se ter uma ideia, entre 25 e 30 anos, a chance de gravidez é de 18% ao mês e entre 36 e 40 anos as chances caem para 9% ao mês, o que não quer dizer impossibilidade de gravidez, mas maior dificuldade, com certeza.

Apesar de não ser muito comentada, a queda da fertilidade também atinge os homens, embora mais lenta, menos intensa e bem mais tardiamente se comparada com a queda nas mulheres. Nesse processo, o avançar da idade masculina faz com que o volume e a motilidade de seus espermatozoides caiam em razão principalmente de fatores hormonais. Enfatizando que ocorre em idade mais tardia.

Para aumentar as chances de fertilidade tanto masculinas quanto femininas, por motivos pessoais ou profissionais, postergando assim a maternidade, é indicada a preservação da fertilidade. Ela é realizada principalmente pelo congelamento de óvulos. Pode-se também congelar embriões, nos casos de estabilidade no relacionamento.

Dra. Sílvia Joly Mattos é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia, especialista em Reprodução Humana Assistida e Vídeo-Histeroscopia, em Campinas.

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