Métodos contraceptivos para pacientes jovens

Dra. Sílvia Joly Mattos –

O Brasil é o país da América Latina com maior taxa de gravidez na adolescência, segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde, em 2018. A média brasileira é de 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil meninas de 15 a 19 anos, contra 65,5 da América Latina. A média mundial é de 46 nascimentos a cada mil.

Esses dados confirmam que campanhas de educação sexual e prevenção de gravidez devem ser incentivadas. Como médica especialista em ginecologia, já tendo atendido por muito tempo na rede pública também, observo que nem sempre há desconhecimento dos métodos anticoncepcionais por parte das adolescentes. Devido à rotina delas, há uma taxa maior de esquecimento de tomar a pílula, além de irregularidade no horário da ingestão do anticoncepcional. Por esses fatores, aumenta-se o índice de falha desse método.

Portanto, para as adolescentes que desejam um método anticoncepcional, tenho indicado também a utilização dos Métodos Contraceptivos Reversíveis de Longa Duração (LARCs), principalmente o DIU e o implante (Implanon), pois são métodos que não dependem da usuária, ou seja, do uso correto por elas ou não. São métodos de longa duração que as deixam seguras em relação à gravidez por um período extenso, conforme desejado.

Os dois tipos de DIU e o implante atuam com eficácia igual ou até superior aos métodos tradicionais, já que não dependem da administração da paciente. Possuem melhor custo em longo prazo, pois, apesar de mais caros inicialmente, alguns podem durar até dez anos.

E o mais importante é que apresentam menos contraindicações e menor interferência com outros medicamentos. Outra grande vantagem é que sua função não é comprometida por má administração (esquecimento ou alteração no horário de administração da pílula, por exemplo).

O DIU é um dispositivo colocado na cavidade uterina durante um procedimento simples e rápido que pode ser realizado em consultório, com a diferença de que os DIUs de cobre ou cobre+prata normalmente mantêm o ciclo menstrual regular, enquanto o DIU Mirena pode fazer com que a menstruação cesse ou diminua durante sua utilização.

Já o Implanon, com duração de 3 anos, é um implante colocado logo abaixo da pele, que tem o mesmo objetivo dos outros métodos e assemelha-se ao DIU Mirena, pelo fato de poder cessar ou diminuir a menstruação durante o período de uso.

Dra. Sílvia Joly Mattos, de Campinas/SP, é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Reprodução Humana e Vídeo-Histeroscopia.

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