Dra. Sílvia Joly Mattos –
Esta é uma pergunta frequente das pacientes e a resposta é não! Até hoje, não há nenhum estudo científico que comprove a relação da infertilidade com o uso de pílula anticoncepcional, mesmo por muitos anos contínuos.
O mecanismo de ação das pílulas é impedir a ovulação. Entretanto, o método não impacta na fertilidade da mulher, mas sim na produção de óvulos maduros que poderiam ser fecundados pelo espermatozoide.
Os anticoncepcionais orais, adesivos ou o anel vaginal apresentam um retorno da fertilidade mais rápido ou até imediato em comparação com os injetáveis ou implantes.
Quando se interrompe a pílula anticoncepcional, o organismo não necessariamente volta ao normal. Ele volta ao estado que se apresentava antes do uso da pílula. Ou seja, se a paciente já apresentava algum problema de ovulação ou de menstruação, provavelmente esse quadro de desbalanço hormonal retornará.
Por isso que muitas pacientes, nesses casos, interrompem a pílula e têm a impressão de que elas são as responsáveis pela demora em engravidar. Sendo que, na verdade, a demora ocorre porque o descontrole hormonal voltou a se manifestar, como acontecia antes de usar a pílula.
Felizmente os anticoncepcionais não têm relação com a infertilidade, mas esta pode ocorrer por diversos outros motivos, como disfunção hormonal, endometriose, deformidades uterinas, ou infecções. Existem vários exames para diagnosticar a possibilidade de infertilidade no casal e, graças ao avanço da medicina e da reprodução assistida, diversos tratamentos para alcançar a gravidez desejada.
Sobretudo é muito importante lembrar que cada organismo é diferente e cada mulher pode apresentar uma resposta em relação aos anticoncepcionais. Sempre consulte um ginecologista para acompanhar o seu tratamento e realizar exames regularmente.
Dra. Silvia Joly Mattos é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia formada pela Unicamp, com Mestrado na área de Infertilidade pela Unicamp e especialista em Reprodução Assistida com Título reconhecido pela Febrasgo.