Dra. Silvia Joly Mattos – Muitas mulheres que estão com dificuldades de engravidar podem ter o que chamamos de fator tuboperitoneal (ou peritoneal) de infertilidade. Nesses casos, existem anormalidades envolvendo a superfície dos órgãos pélvicos que podem ser causadas principalmente por aderências ou endometriose, que acabam dificultando a gravidez.
Primeiramente, é preciso entender que a trompa uterina é responsável pela ligação entre o útero e o ovário e por onde o espermatozoide se dirige para ser fecundado. Quando há obstrução, dilatação ou alteração no trajeto das trompas uterinas, ocorre comprometimento da sua função natural, e a isso chamamos de fator tubário de infertilidade.
Porém, quando também ocorrem aderências pélvicas, alterando a anatomia e a motilidade tubária, por exemplo, chamamos de fator tuboperitoneal.
As causas desse problema podem ser: infecções, aderências, endometriose, malformações congênitas, laqueadura tubárea ou antecedente de cirurgias abdominais.
Por isso é muito importante fazer uma correta avaliação das trompas uterinas, para ver se não há nenhuma obstrução, dilatação ou alteração de motilidade. Se houver, há grande deficiência no processo de captura do óvulo pela trompa, fecundação e o transporte do óvulo fertilizado para dentro da cavidade uterina.
Portanto, para confirmar a presença ou não do fator tuboperitoneal de infertilidade solicitamos os exames de Histerossalpingografia (HSG) ou Videolaparoscopia. Em casos positivos, apenas em algumas situações há a possibilidade de tratamento cirúrgico, para que o casal tente engravidar naturalmente. No entanto, esse tipo de cirurgia tem resultados limitados e sua realização só é possível em alguns tipos de alteração.
A outra alternativa para que o casal engravide é a realização da Fertilização In Vitro (FIV), indicada quando não existe possibilidade cirúrgica, ou quando ela existe, porém o casal prefere engravidar em curto espaço de tempo. Lembrando que a FIV não trata a doença, mas possibilita realizar o sonho da maternidade, pois a fecundação do óvulo é feita em laboratório, ou seja, não necessitando da trompa uterina para que isso ocorra.
Dra. Silvia Joly Mattos é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia formada pela Unicamp, com Mestrado na área de Infertilidade pela Unicamp e especialista em Reprodução Assistida com Título reconhecido pela Febrasgo.