Dra. Silvia Joly Mattos – Um assunto que sempre traz algumas dúvidas e que as pacientes me perguntam frequentemente é sobre os LARCs (métodos contraceptivos reversíveis de longa duração), por isso aproveito esse espaço para abordar o que é muito e o que é verdade em relação a esse tema.
Primeiramente, é preciso explicar que os métodos contraceptivos reversíveis de longa duração podem ser utilizados por mais de três anos e que têm a vantagem de não depender da administração da paciente, como é o caso da pílula, por exemplo. Assim, não existe o problema de esquecimento, pois eles vão agir por conta própria.
Como LARCs disponíveis hoje, temos DIU de cobre, DIU de cobre+prata, DIU hormonal e implante subdérmico.
Também devemos pontuar que os LARCs são mais eficazes que os métodos convencionais de curta ação (anel vaginal, injeção, adesivo, pílula), além de serem reversíveis, ou seja, assim que retirados, perdem sua ação rapidamente.
Uma dúvida muito recorrente é se os DIUs só podem ser usados por mulheres que já tiveram filhos e isso é mito. As pacientes não precisam já ter tido filhos. Além disso, esse método é muito recomendado também para pacientes jovens, que é um grupo de risco para gravidez não planejada. Esse mito se instalou, mas é importante salientar que eles são indicados inclusive para adolescentes.
Outro mito é quanto à presença de alguns efeitos colaterais. Como cada LARC tem um modo de agir, os efeitos colaterais também irão se diferenciar. O DIU de cobre, por não ter hormônios, pode não causar efeitos colaterais, porém pode haver aumento do fluxo, duração e desconforto como cólicas durante a menstruação. Existem estudos mostrando que nem o DIU hormonal nem o implante subdérmico aumentam o peso, se comparados com outros métodos. E para mulheres que se queixam de acne, ela costuma aparecer nos casos de troca da pílula pelo LARC, já que algumas pílulas costumam agir na melhora dos quadros da acne. No entanto, é importante deixar claro que os LARCs não causam acne, apenas deixam a pele como era sem o uso de hormônio.
Também é mito quando se fala que os LARCs atrapalham uma futura gravidez, pois uma vez retirados param de agir imediatamente, e na maioria das vezes já se pode esperar que o ciclo menstrual e a fertilidade estejam reestabelecidos em um mês.
Quanto à maior eficácia dos LARCs em relação a outros métodos é verdade, pois como não dependem da administração da usuária, funcionam com sua máxima eficácia.
Também é verdade que os LARCs podem alterar a menstruação. No caso do DIU hormonal e do Implante, podem ocorrer irregularidades menstruais especialmente nos primeiros seis meses de uso. Após essa fase de adaptação, algumas usuárias podem até parar de menstruar por completo. Para outras pacientes, um pequeno sangramento, chamado de infrequente (ou escape), pode ocorrer ocasionalmente. E para um outro grupo, pode ocorrer o sangramento mensal, porém em quantidade muito inferior àquela usual de cada paciente.
Dra. Silvia Joly Mattos é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia formada pela Unicamp, com Mestrado na área de Infertilidade pela Unicamp e especialista em Reprodução Assistida com Título reconhecido pela Febrasgo.