Entenda as diferenças: Reprodução Assistida de Baixa Complexidade x Alta Complexidade

Dra. Sílvia Joly Mattos

Quando o casal busca um tratamento para infertilidade, é muito importante que ele seja orientado sobre como funciona a Reprodução Assistida e os tratamentos que podem ser utilizados. A Reprodução Assistida compreende as técnicas utilizadas por especialistas da área para promover a fecundação do ovulo pelo espermatozoide quando a gravidez não acontece naturalmente. Dentro da Reprodução Assistida, temos os tratamentos de baixa complexidade e os de alta complexidade.

Reprodução assistida de baixa complexidade

Reprodução assistida de baixa complexidade são os procedimentos que não necessitam de manipulação em laboratório de oócitos e embriões. Portanto, os tratamentos são menos complexos e mais acessíveis, sendo muito eficientes quando indicados corretamente.

Técnicas como o coito programado e a inseminação intrauterina fazem parte dos procedimentos de baixa complexidade, pois aumentam as chances de uma fecundação in vivo, que significa dentro do organismo feminino. No coito programado, por exemplo, determinamos durante as ecografias o melhor período do ciclo menstrual para o casal ter relações sexuais, ampliando-se, assim, a possibilidade de gestação. Esse método pode ser feito tanto no ciclo menstrual natural quanto no ciclo menstrual auxiliado por medicamentos indutores da ovulação, que é o mais comum.

Já na inseminação intrauterina também é realizada a indução de ovulação e controle com ecografias. A diferença é que transferimos, por meio de uma fina cânula, os espermatozoides “processados” em laboratório para a cavidade uterina. É realizada no dia com maior probabilidade de concepção, sendo que o procedimento é rápido. A inseminação intrauterina só deve ser indicada em algumas situações específicas, avaliadas em cada caso.

Reprodução assistida de alta complexidade

A reprodução assistida de alta complexidade utiliza procedimentos que incluem a manipulação in vitro de oócitos, espermatozoides ou embriões para conseguir uma gestação. A Fertilização in Vitro (FIV) é a técnica mais avançada em reprodução assistida e a que produz os melhores resultados, chegando a 60% de sucesso em situações favoráveis e em mulheres com menos de 35 anos de idade.

Na FIV, a fecundação do óvulo com o espermatozoide é realizada em laboratório, onde observamos o desenvolvimento embrionário, certificando-se de que tudo esteja dentro da normalidade para depois fazermos a transferência para o útero da mãe.

A primeira etapa do processo de FIV é a estimulação ovariana por meio de medicamentos, que serve para obter mais óvulos dentro de um mesmo ovário, aumentando assim as chances de o tratamento ser bem sucedido. Depois, quando observamos que os folículos atingiram a dimensão adequada, realizamos o procedimento da punção dos folículos disponíveis. Após essa etapa, e com a preparação dos espermatozoides coletados no mesmo dia, é realizada a Fertilização In Vitro, que é a fecundação dos óvulos em laboratório.

Durante esta fase, o desenvolvimento do óvulo fecundado deve ser observado para ver se está dentro da normalidade. O último procedimento da FIV é a transferência embrionária para o útero da paciente, onde são implantados a princípio os melhores embriões.

Vale destacar que somente após a avaliação completa do casal e com todos os exames necessários, é que podemos definir a abordagem mais adequada para cada caso, se utilizamos os procedimentos de baixa ou de alta complexidade.

Dra. Silvia Joly Mattos é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia formada pela Unicamp, especialista em Reprodução Humana pelo Projeto Alfa

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