Dra. Sílvia Joly Mattos –
Um dos problemas femininos que leva à dificuldade de engravidar ou ao abortamento é a causa uterina, que é dividida entre causa uterina cervical e causa uterina corporal.
A causa uterina cervical é definida por aspectos que impedem ou dificultam a passagem ou o armazenamento dos espermatozoides pelo canal cervical (entrada do útero).
Já a causa uterina corporal pode incluir: pólipos, miomas, aderências intrauterinas e malformações uterinas. Os pólipos uterinos são tumores benignos comuns que surgem na camada mais interna do órgão e, se maiores, podem dificultar a passagem do espermatozoide ao canal cervical ou para o interior da tuba.
No caso dos miomas, aproximadamente 40% das mulheres podem ser acometidas. Existem 3 diferentes localizações dos miomas, e principalmente os submucosos (crescimento para dentro do útero) podem ser causa de aborto e dificultar ou impedir a implantação do embrião. Nesses tipos de mioma, a remoção do mesmo torna-se necessária para o tratamento da infertilidade. Mas é importante salientar que existem situações em que a retirada de miomas não é recomendada, dependendo de seu tamanho e localização.
As aderências intrauterinas podem ser resultantes de infecções, cirurgias anteriores ou endometriose, que podem resultar em distorções da anatomia local.
Em relação à malformação uterina, é preciso destacar que a prevalência na população geral é de 4%, número similar em pacientes inférteis. Já em situações de abortamento habitual, as malformações são detectadas em aproximadamente 15% dos casos. Por isso, a causa uterina está mais associada a perdas gestacionais recorrentes e complicações obstétricas do que à infertilidade.
Os tipos de malformações uterinas existentes são: agenesia uterina, útero unicorno, didelfo, bicorno, septado e arqueado. Entre todos esses tipos, o útero septado, bicorno, unicorno e didelfo, nessa ordem, são os mais comuns.
Para realizar o diagnóstico de causa uterina de infertilidade, solicitamos alguns exames, como ultrassonografia, histerossalpingografia, histeroscopia ou videolaparoscopia para depois partir para o tratamento mais adequado.
Geralmente os fatores uterinos podem ser resolvidos com procedimentos cirúrgicos, e algumas vezes há indicação para tratamento de reprodução assistida.
Dra. Sílvia Joly Mattos, de Campinas/SP, é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Reprodução Humana e Vídeo-Histeroscopia.