A relação do estresse com a infertilidade

Dra. Sílvia Joly Mattos –

A ideia de conceber um filho é inerente a todo casal, quase como se fosse óbvio que se pode gerar uma vida quando chegar a hora desejada. Porém, quando se percebe a infertilidade de um ou de ambos os parceiros, esse desejo pode se tornar uma grande decepção.

As tentativas falhas de engravidar podem ser derivadas de diversas causas, sejam elas femininas ou masculinas, mas fatores psicológicos também podem estar relacionados à infertilidade.

Grandes estudiosos da Medicina Reprodutiva apontam que ansiedade e estresse podem colaborar com infertilidade, já que podem provocar alterações como inibições da ovulação, por exemplo.

O desejo de engravidar relacionado ao medo de não ser capaz de gerar uma vida pode causar atrasos menstruais, pela ideia fantasiosa de fecundação; pseudociese, a gravidez imaginária, de forma que a mulher passa a apresentar um corpo falsamente grávido, com atraso menstrual, náuseas e até aumento do volume abdominal.

Uma pesquisa relacionada com macacas rhesus que foram retiradas de seu ambiente familiar e submetidas a 12 dias de estímulos estressantes apontou que, quando havia estresse iniciado na fase folicular ou na fase lútea do ciclo menstrual, podia ocorrer disfunções menstruais. Mesmo após o término do período de estresse a que foram submetidas, as macacas ainda apresentavam efeitos nocivos no ciclo menstrual, ou seja, o corpo ainda estava sendo prejudicado.

Por isso é tão importante que, quando há caso de infertilidade, a avaliação deve se estender ao psicológico, e é preciso observar cuidadosamente tanto o homem quanto a mulher para contornar o diagnóstico e realizar o tratamento.

Dra. Sílvia Joly Mattos é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia formada pela Unicamp, com Mestrado na área de Infertilidade pela Unicamp e especialista em Reprodução Assistida com Título reconhecido pela Febrasgo.